sexta-feira, 5 de junho de 2009

Pássaros, irmãos pássaros!

Avaliais a beleza de vossas plumas, a magia do vosso cântico, o encanto do vosso vôo?
Estais livres de orgulho e vaidade, ou também precisais defender-vos dessas fraquezas que tanto nos humilham?

Que alegria deveis sentir com os primeiros volteios dos vossos filhotes, e como deve ser inesquecível o ensaio de seus primeiros cantos!

Já experimentastes, certamente, no ar, em busca do horizonte,
- voar, voar, voar! - até tombares de cansaço e de emoção!

Que sentis quando vos prendem em gaiolas, e como conseguis cantar quando vossas asas provam que nascestes para a liberdade?

Que pensais de belas vozes humanas? Chegam a aproximar-se dos vossos cânticos? Quando um de vós morre, há tristeza! Ou acreditais que também vós ressuscitareis?

Senhor, em nome dos que não tem voz para cantar, vos ofereço os mais belos cânticos dos vossos pássaros! E vos peço que os homens se envergonhem de lhes criar prisões.

Prisões para quem recebeu de vós a missão de voar! Que os homens se envergonhem de ouvir cânticos de pássaros prisioneiros, quando o canto precisa mais da liberdade que as próprias asas!

Dom Helder Câmara

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